sábado, 4 de abril de 2009

Vida e Morte lado a lado

Nossa primeira e importantíssima entrevista aconteceu dentro do próprio IESB, em um estúdio improvisado. Numa tarde quente de Brasília recebemos a jornalista Renata Gonzaga para registrar a experiência vivida no Maranhão e a relação Imprensa x Força Aérea Brasileira (FAB) durante o episódio.

A jornalista, na época da Rede Bandeirantes, partiu para o Maranhão sem saber ao certo o que havia acontecido. Uma nota oficial confirmou o acidente e afirmava não haver mortes fora da área de lançamento. A sala de imprensa montada pela FAB ficava na capital, São Luís, para facilitar o acesso dos jornalistas, já que a base na cidade de Alcântara é de acesso restrito.

A explosão consumiu as 40 toneladas de combustível do Veículo Lançador de Satélites (VLS) e matou 21 técnicos da aeronáutica que trabalhavam na torre de lançamento. Os sobreviventes estavam protegidos em outras áreas da base e alguns assistiram a tudo. Especialistas afirmam que a temperatura no local chegou a 4 mil graus celsius.

No sábado, muita angústia e espera fizeram os jornalistas procurarem pela notícia na própria cidadezinha maranhense. Conversas com moradores relatavam a grande nuvem de fumaça e os boatos de possíveis sobreviventes. Existia também aqueles que não acreditavam que "o pessoal da base" teria morrido.

Depois que a rede Globo exibiu imagens (feitas da praia) do local da explosão, em uma matéria no Fantástico, a Aeronáutica permitiu a entrada "não-militar" no Centro de Lançamento de Alcântara. Ironia ou não, vida e morte se encontraram naquele dia. Na segunda feira (25), grávida de cinco meses, Renata e outros jornalistas tiveram acesso ao cenário de destruição total três dias após o ocorrido. "O local do acidente era um local de completa destruição. Era algo inimaginável que tanto ferro, tanto aço, tanto material extremamente resistente tenha ido ao chão como um pedaço de borracha", lembrou.

Oficias fizeram coletivas e se irritaram quando alguns jornalistas quiseram saber do valor do prejuízo causado pelo acidente. "Outra coisa marcante foi quando o Brigadeiro disse a imprensa, emocionado, que havíamos perdido as 21 melhores cabeças a frente daquele projeto...", interrompida pelo choro a jornalista se emociona mais uma vez e a todos nós.

Mais algumas perguntas e finalizamos nossa primeira entrevista. Não sei se pela nossa sintonia ou por algum outro motivo estávamos (os três) felizes, tristes pelos momentos emocionados da nossa entrevistada e ansiosos com os próximos encontros que ainda teríamos. Certo apenas era que aos poucos conseguíamos fazer nosso trabalho ganhar forma e conteúdo.

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