sábado, 3 de outubro de 2009

Documentário Online

Finalmente o documentário está ao alcance de todos. Contando mais uma vez com a ajuda do nosso mestre Henrique Tavares o vídeo já está na internet. Disponível no Canal Documentário, da Tv Uniceub.

Para os que aguardaram tanto, acessem e assistam!

Clique aqui

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Devagar

Após concluirmos o documentário o ritmo diminuiu. Ainda não conseguimos postar mais nada por aqui e acabamos desanimando. Com a equipe desfalcada pela mudança da Rafa para Belo Horizonte tentaremos retomar os projetos e voltar a ativa.

No próximo mês o acidente em Alcântara completa seis anos. Nossa ideia é tentar fazer algo na data. Por hora refazemos nossa promessa de que logo iremos postar o documentário na internet.

Calma, calma... dessa vez vamos voltar ao intenso ritmo de trabalho de antes.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

O gerenciador de crises

Como entrevistar um cara que é referência em gerenciamento de crise? Nos perguntamos enquanto seguíamos para o escritório de João José Forni, numa noite de sexta-feira. Medo em entrevistar alguém que domina um assunto que nós estávamos ousando fazer um documentário.

Forni foi nosso professor na pós-graduação e nos ajudou durante a pré-produção. Sendo sempre solicito aos nossos constantes e-mails atrapalhando suas férias na Inglaterra. O professor nos indicou várias referências bibliográficas sobre o assunto (na parte inferior do blog) e o consideramos um co-orientador do projeto.

O medo se perdeu quando com sua simpatia fomos acolhidos em sua sala. Toda a entrevista foi na verdade uma aula sobre gerenciamento de crise. Por hora podemos dizer que foi muito melhor do que esperávamos e logo postaremos trechos dessa conversa com João José Forni onde ele dá várias dicas sobre o assunto.

Nosso próximo passo será postar o resultado final de todas essas entrevistas: o documentário Crise em Alcântara.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Militares e militares

O tenente coronel Krüger e o capitão da reserva Henrique Tavares seriam nossos próximos entrevistados. Ambos nos deram respectivamente a sensação de receio e tranquilidade. Os dois e o tenente coronel Feijó foram os oficiais responsáveis pela comunicação durante a crise.

Lidar com jornalistas é tranquilo, mas lidar com um oficial sobre um assunto nada delicado era uma dúvida. Principalmente porque nossa primeira experiência com Krüger não havia sido das melhores.

O tenente coronel mostrou-se em um primeiro momento desconfiado do nosso trabalho. Com aquela postura clássica (extremamente séria) Krüguer quebrou nossa imagem de que todos os militares seriam simpáticos e prestativos como os do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER).

Pela tarde partimos para a esplanada dos ministérios e seguimos para o prédio da Força Aérea Brasileira (FAB) onde o entrevistamos. Os prédios dos ministérisos possuem duas entradas. Uma geral, para a maioria dos funcionários e visitantes do órgão e outra exclusiva para o ministro, neste caso o brigadeiro.

A entrevista foi feita no hall da entrada do comandante da aeronáutica. Um belo espaço com bandeiras, brasões e painéis que remetiam à FAB e suas aeronaves. Posicionamos nossas câmeras próximas ao elevador do brigadeiro, de frente a um grande painel com a imagem de Santos Dumont e o 14 Bis. O Krüger (foto abaixo) desconfiado de antes deu lugar a outro mais calmo e sorridente.


Assim que ligamos as câmeras o entrevistado ainda estava um pouco nervoso. Talvez por tentar buscar nas recordações o máximo possível de detalhes do ocorrido, ou por algum outro motivo de caráter militar que desconhecemos. O tenente coronel Spengler, do CECOMSAER, também acompanhou a entrevista e nos deu todo o suporte durante a coleta de informações e material na FAB.

Tudo segue bem, tirando algumas gaguejadas do Krüger, até que chegamos ao delicado assunto: vítimas.

"Como eu tinha participado dos dois lançamentos anteriores eu conhecia praticamente todos os técnicos que trabalhavam... (já com a voz engasgada) Era uma equipe... muito comprometida... trabalhavam após o expediente, não tinha dia, não tinha hora. Eu garanto que eles fizeram o trabalho com a maior dedicação... visando o bem maior para o Brasil... e deram sua vida para que o Brasil pudesse conquistar seu espaço no mundo hoje".

O grande momento da entrevista, o militar emocionado e desfazendo nossa primeira impressão. Outra vez saímos aliviados com mais uma etapa vencida e bem sucedida e felizes pela próxima entrevista que faríamos de noite.

O militar da reserva e seus "soldados" na ativa

Henrique Tavares (foto ao lado) foi professor, coordenador, padrinho da nossa turma de graduação e acolhedor da "sua cria" na elaboração desse documentário. Ele foi um dos grandes motivadores desse trabalho e nos ajudou em todas as etapas desde a pré-produção até o final.

Com Henrique tudo sempre corre muito bem. Abraços, sorrisos e conversas descontraídas, mas naquele dia o assunto era sério. Logo fomos para uma sala de reunião do UniCEUB - Centro Universitário de Brasília (nossa faculdade da graduação) e começamos a ajustar luzes, câmeras e microfone.

Como esperávamos, a nossa conversa fluía bem. Tão bem que a fita, de 60 minutos, precisou ser trocada. Se estávamos contentes no fim da tarde, agora às 22h estávamos mais ainda. Cansados pelo dia puxado, mas perto de concluir as gravações e passar para a segunda etapa do processo: a edição. Mas naquele dia sabíamos que nosso documentário não teria apenas 15 minutos, como inocentemente pretendíamos.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

A auto-suficiência e a sabotagem

Pedro Paulo Rezende, ou Pepê (foto ao lado), foi nosso segundo entevistado. Conhecedor de tecnologias e armamentos militares o jornalista trouxe o conhecimento e a experiência de quem fez a cobertura da áerea militar por anos e também acompanhou o caso de Alcântara.

De férias e por coincidência em Brasília, a redação do jornal Correio Braziliense reconvocou seu (então) repórter logo que soube do acidente. Muito bem relacionado com a assessoria da Aeronáutica, o jornalista não teve dificuldades em obter informações sobre a tragédia.

Na avaliação de Pepê a comunicação, em especial o gerenciamento de crise, foi muito bem conduzido pelo órgão. A atitude de não permitir a entrada no local do acidente era o mais sensato sendo que a temperatura, mesmo um dia após a explosão, ainda era altíssima. Uma "situação complicada", como definiu Pepê.

A base era agora uma área de perícia e precisava ser preservada até o fim do trabalho técnico e a remoção dos 21 cadáveres que se encontravam embaixo das toneladas de ferro do que sobrou da torre de lançamento e do Veículo Lançador de Satélites (VLS).

Sabotagem

"Não houve sabotagem, o que houve foi um erro de projeto", afirmou Pepê. Em resposta as diversas matérias que na época apontavam como causa da tragédia uma possível sabotagem norte-americana ao programa espacial brasileiro.

Na opinião do jornalista órgãos envolvidos no lançamento se acharam "auto-suficiente" na elaboração do projeto. "Eu acho que houve excesso de auto-suficiência do ITA* e do CTA**. Eles acreditavam que estavam fazendo algo completamente inovador e podiam prescindir da experiência externa. E principalmente na questão do gerenciamento da plataforma a gente precisava muito dessa experiência externa", explicou Pepê.

Talvez o maior erro no acidente tenha sido a presença de tanta gente próxima à torre de lançamento. "Você não coloca tantas pessoas em uma área de lançamento. A recomendação é que se tenha grupos pequenos que se revezem nos trabalhos", explicou. Aliado a todo o acontecido a Força Aérea Brasileira (FAB) nunca acreditou que perderia tantos pesquisadores de uma só vez. Alguns deles acompanharam o nascimento do programa espacial brasileiro.

O acidente em Alcântara trouxe, além das mortes e do prejuízo de milhões, a perda de um conhecimento inestimável que ainda precisará de muito tempo para ser readquirido. Se é que ele poderá ser retomado já que não existem substitutos que possuam o mesmo conhecimento técnico que as 21 vítimas tinham sobre o projeto.

*Instituto Tecnológico de Aeronáutica
** Centro Técnico Aeroespacial

sábado, 4 de abril de 2009

Vida e Morte lado a lado

Nossa primeira e importantíssima entrevista aconteceu dentro do próprio IESB, em um estúdio improvisado. Numa tarde quente de Brasília recebemos a jornalista Renata Gonzaga para registrar a experiência vivida no Maranhão e a relação Imprensa x Força Aérea Brasileira (FAB) durante o episódio.

A jornalista, na época da Rede Bandeirantes, partiu para o Maranhão sem saber ao certo o que havia acontecido. Uma nota oficial confirmou o acidente e afirmava não haver mortes fora da área de lançamento. A sala de imprensa montada pela FAB ficava na capital, São Luís, para facilitar o acesso dos jornalistas, já que a base na cidade de Alcântara é de acesso restrito.

A explosão consumiu as 40 toneladas de combustível do Veículo Lançador de Satélites (VLS) e matou 21 técnicos da aeronáutica que trabalhavam na torre de lançamento. Os sobreviventes estavam protegidos em outras áreas da base e alguns assistiram a tudo. Especialistas afirmam que a temperatura no local chegou a 4 mil graus celsius.

No sábado, muita angústia e espera fizeram os jornalistas procurarem pela notícia na própria cidadezinha maranhense. Conversas com moradores relatavam a grande nuvem de fumaça e os boatos de possíveis sobreviventes. Existia também aqueles que não acreditavam que "o pessoal da base" teria morrido.

Depois que a rede Globo exibiu imagens (feitas da praia) do local da explosão, em uma matéria no Fantástico, a Aeronáutica permitiu a entrada "não-militar" no Centro de Lançamento de Alcântara. Ironia ou não, vida e morte se encontraram naquele dia. Na segunda feira (25), grávida de cinco meses, Renata e outros jornalistas tiveram acesso ao cenário de destruição total três dias após o ocorrido. "O local do acidente era um local de completa destruição. Era algo inimaginável que tanto ferro, tanto aço, tanto material extremamente resistente tenha ido ao chão como um pedaço de borracha", lembrou.

Oficias fizeram coletivas e se irritaram quando alguns jornalistas quiseram saber do valor do prejuízo causado pelo acidente. "Outra coisa marcante foi quando o Brigadeiro disse a imprensa, emocionado, que havíamos perdido as 21 melhores cabeças a frente daquele projeto...", interrompida pelo choro a jornalista se emociona mais uma vez e a todos nós.

Mais algumas perguntas e finalizamos nossa primeira entrevista. Não sei se pela nossa sintonia ou por algum outro motivo estávamos (os três) felizes, tristes pelos momentos emocionados da nossa entrevistada e ansiosos com os próximos encontros que ainda teríamos. Certo apenas era que aos poucos conseguíamos fazer nosso trabalho ganhar forma e conteúdo.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Documentário, blog e militares receosos

Em 2006, enquanto ainda cursávamos a graduação, tivemos a oportunidade de participar de um exercício de simulação de guerra (Cruzex III), realizado pela Força Aérea Brasileira - FAB na base de Anápolis (GO). Na operação conhecemos boa parte da equipe de comunicação da Aeronáutica que junto com as aulas de Comunicação Organizacional do nosso professor Henrique Tavares (oficial da reserva da Aeronáutica) nos motivou a realizarmos este trabalho. O blog é um projeto paralelo à produção de um documentário sobre o acidente ocorrido no Centro de Lançamento de Alcântara (MA), há quase seis anos.

Com o objetivo de produzir um vídeo documentário, optamos por apresentar algo diferenciado e que nos permita desenvolver novas possibilidades. O documentário será pioneiro em seu conteúdo, que visa o estudo de um case de crise. O projeto avaliará as medidas tomadas pela Assessoria de Comunicação da Aeronáutica brasileira durante a explosão ocorrida na base militar em Alcântara (MA), em 22 de agosto de 2003.

Este "produto" será apresentado como um um Trabalho de conclusão de Curso (TCC) da pós-graduação lato sensu em Assessoria em comunicação Pública, ao Instituto de Ensino Superior de Brasília - IESB e deverá ser um estudo importante ao assessor de comunicação, em especial por se tratar de uma instituição pública.

Com nossas câmeras rodando já foram feitas algumas entrevistas e logo começaremos a postar pequenos trechos das filmagens enquanto não finalizamos o processo de edição. Renata Gonzaga, Rede Globo, e Pedro Paulo (pepê), especialista em armamento e cobertura militar, já conversaram conosco e relataram a vivência da Crise em Alcântara.

Ainda serão realizadas várias entrevistas, incluíndo os oficiais da assessoria de comunicação da Aeronáutica, órgão responsável pela base militar. Por hora podemos dizer que o processo tem sido bastante instigante e que infelizmente temos esbarrado em um temor militar, que ainda não descobrimos do quê.

Será que temos outra crise pela frente?

terça-feira, 10 de março de 2009

O começo de uma crise

O Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) é a segunda base de lançamento de foguetes do Brasil e foi criado em 1989 no estado do Maranhão. Seu objetivo é realizar missões de lançamentos de satélites e sediar os testes do Veículo Lançador de Satélites (VLS). A base está situada na latitude 2 graus e 18 minutos sul e tem uma área de 620 km².
O CLA foi criado como substituto do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) foto ao lado, localizado no Rio Grande do Norte que, devido ao crescimento urbano nos seus arredores, não permitia ampliações da base ou sequer sua utilização devido aos riscos existentes.
Uma das curiosidades da base é que, devido sua proximidade com a linha do equador, o consumo de combustível para o lançamento de satélites é bem menor em comparação com outras bases de lançamento existentes, além de contar com a velocidade de rotação da Terra na altura do equador que auxilia o impulso dos lançadores. Sua disposição permite também lançamentos em todos os tipos de órbitas, desde as equatoriais (em faixas horizontais) às polares (em faixas verticais).
As condições climáticas do estado do Maranhão também favorecem o lançamento de foguetes, uma vez que o clima é estável e seu regime de chuvas é bem definido, permitindo assim que o seja realizado em praticamente todos os meses do ano.

A base estava se preparando para a terceira tentativa de lançamento do VLS-1. Ele foi desenvolvido pe
lo Instituto de Aeronáutica e Espaço do Centro Técnico Aeroespacial, em São José dos Campos (91 km de São Paulo).
As duas primeiras tentativas de lançamento do VLS-1 (foto ao lado) foram frustradas. A missão era denominada como Operação São Luís. O objetivo era colocar o satélite meteorológico Satec do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e o nanosatélite Unosat da Universidade do Norte do Paraná em órbita circular equatorial a 750 km de altitude.
A campanha iniciou-se em 1 de julho e foi planejada para durar até 60 dias, tempo necessário para transportar as partes do lançador de São José dos Campos (SP), realizar a montagem, integração, testes, treinamento das equipes e o lançamento do veículo. O lançamento do VLS-1 deveria acontecer no dia 25 de agosto de 2003. No dia 20 do mesmo mês iniciou-se a primeira contagem regressiva, com a finalidade de testar a sequência do lançamento.
Acontece que, no dia 22 de agosto de 2003, às 13h30, ocorreu uma grande explosão na Base de Alcântara que destruiu o foguete brasileiro em sua plataforma de lançamento. No momento do acidente, aproximadamente 200 pessoas trabalhavam no projeto, entre técnicos e militares. Desses, 21 morreram.
Como dados levantados pela perícia mostram, aparentemente a crise não era, de fato, uma surpresa. O jornal Folha de S.Paulo chegou a falar em uma edição sobre possíveis choques, passagem de corrente elétrica, pelo foguete e pela plataforma. Porém essa informação foi negada por José Viegas Filho, então Ministro da Defesa.
Investigações posteriores concluíram que a explosão, que consumiu cerca de 40 toneladas de combustível sólido do foguete, foi causada pela ignição prematura de um dos motores do foguete, deflagrada por uma centelha elétrica.
Com o lançamento do VLS-1 V03, o Brasil se tornaria o primeiro país da América Latina a enviar um foguete de fabricação própria para o espaço.